sexta-feira, 5 de junho de 2009

Comentário do dia 05/06/09 - Censurado por Reinaldo Azevedo


Comentário sobre um post no qual Reinaldo Azevedo critica o discurso de Barack Obama no Egito:
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/obama-faz-mais-um-discurso-historico-pre-historia-e-sobraram-simplificacao-e-bobagem/#comments


05/06/09

"Olá, Reinaldo!

Concordo em alguns pontos e discordo de outros. O mundo árabe (predominantemente islãmico) é vítima sim do colonialismo e imperialismo e o surgimento e fortalecimento de forças religiosas coincide com o esmagamento das opções seculares por parte, também, das potências ocidentais e Israel. É o ocidente que tem bases militares no mundo árabe, não o contrário. É o ocidente que está envolvido na partilha do território, golpes de estado, apoio a ditaduras, invasões, sabotagens, fornecimento de armas e formação de milícias, exploração de recursos naturais, apoio incondicional a Israel, etc...

Estude um pouco o envolvimento de Israel com o surgimento do Hamas na Palestina e sua campanha para o enfraquecimento da OLP, por exemplo. Reinaldo, os governos e movimentos seculares árabes propuseram paz a Israel diversas vezes exigindo tão somente o que o consenso e o direito internacionais estipulam. Israel sempre recusou as propostas e tratou de combater estes governos e movimentos, inclusive fomentando e fortalecendo, por exemplo, o Hamas que, hoje, serve como desculpa para Israel continuar a fazer o que sempre fez: conquistar mais território palestino com o menor número de não-judeus possível dentro.

Embora a Carta do Hamas seja fundamentalista e flerte com o anti-judaísmo em alguns trechos (não só com o anti-israelismo), acredito que, na prática, tal discurso não é encampado pela sociedade palestina. Apenas cerca de 3% dos entrevistados numa pesquisa disseram ser favoráveis a um Estado Islâmico no território correspondente a Israel e os Territórios Ocupados. O Hamas venceu as eleições palestinas – e isso é notório – pela insatisfação da população com o governo do Fatah, sua corrupção, sua falta de competência para melhorar as condições de vida dos palestinos e a incapacidade de tornar mais próxima a realidade de um Estado Palestino. Outro aspecto importante a se destacar é o fato de o Hamas ter aberto um braço político, uma demonstração de que sua Carta é anacrônica.

Em relação aos não-muçulmanos, a Carta do Hamas prega o respeito e a co-existência em segurança, num capítulo dedicado especialmente a este tema.

Nós não sabemos se, de fato, o Hamas cessaria os ataques a Israel se este cessasse seus crimes contra os palestinos porque Israel nunca deu esta oportunidade. Os crimes contra os palestinos ocorrem em bases diárias (e você os omite sistematicamente). Você insiste em criticar a “violência” palestina, esquecendo que ela é reação às práticas israelenses, aos crimes e ao não reconhecimento dos direitos dos palestinos!

Nem mesmo durante conversações de paz como Camp David, por exemplo, Israel cessou seus crimes. Foi durante o Governo Barak, aquele da “generosa proposta de paz” a Arafat, que os assentamentos ilegais nos territórios ocupados tiveram seu maior crescimento, por exemplo.

Pra completar, você poderia publicar também a íntegra da Carta do Likud e dedicar a ela o mesmo rigor utilizado para comentar a Carta do Hamas.

Até a próxima!"


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