quinta-feira, 30 de abril de 2009

Comentário do dia 29/04/09 - Censurado por Reinaldo Azevedo



Comentário em resposta a este post de Reinaldo Azevedo: http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2009/04/o-que-pode-e-o-que-nao-pode.html

29/04/09
"Olá, Reinaldo!

Mais uma vez você está sendo incoerente e perde a razão quando fala deste assunto. Isso é ignorância ou deliberada má-fé de sua parte?

Você diz não condescender com o terror. Não é isso que vejo em suas colunas. Você, na verdade, não aceita o terrorismo quando ele atinge Israel ou o ocidente, mas se omite - ou melhor, até mesmo tece loas - quando as vítimas do terror não são israelenses ou ocidentais.

Hamas e Hizbullah surgiram da OCUPAÇÃO israelense, coisa que você sempre omite. Da "intervenção na política interna de outros países", por parte de Israel (o que você diz condenar, quando quem intervém é o Irã).

Hamas e Hizbullah, eventualmente, cometem ataques deliberados contra não-combatentes (terrorismo). Israel, como regra, comete atentados deliberados contra não-combatentes. O primeiro você chama de terrorismo. O segundo, você chama de "legítima-defesa". "Defesa", na linguagem israelense, significa tomar o máximo de terras palestinas, com o mínimo de "não-judeus" possível nelas.

Podemos falar também da diferença entre a retórica e a prática. Ahmadinejad, supostamente, teria dito que Israel seria varrido do mapa. A análise da real expressão que ele utilizou em farsi mostra que não foi isso o que ele disse (ainda mais no contexto do discurso em que a expressão traduzida incorretamente foi dita).

Enquanto isso, Israel, na prática, continua cometendo uma série de crimes e continua desrespeitando a ONU em todas as suas resoluções relativas ao conflito israelo-palestino. Você se escandaliza com uma expressão traduzida incorretamente enquanto apóia Israel apesar de este país cometer em maior escala tudo o que você condena nos outros.

Você destaca que não apoiaria uma manifestação contra a visita do primeiro-ministro israelense. Ora, você não disse que não apóia o terror? Você, então, não se opôe aos ataques indiscriminados e desproporcionais de Israel? Você não se opõe ao uso ilegal de flechetes, fósforo branco e outras armas? Você não se opõe ao roubo de terras? Não se opõe à limpeza étnica, à discriminação, à recusa em aceitar propostas de paz baseadas no que o consenso internacional e o direito expressam?

Reinaldo, você não leu o que Shlomo Ben-Ami admitiu a respeito da "generosa" proposta de Barak durante entrevista ao programa "Democracy Now", ou insiste em mentir pros seus leitores? Eu enviei a você a entrevista, Reinaldo! Aí vai, mais uma vez: http://www.democracynow.org/2006/2/14/fmr_israeli_foreign_minister_shlomo_ben

Repare que estou lhe concedendo o benefício da dúvida em vez de afirmar que você é simplesmente mentiroso e desonesto.

Ariel Sharon não se retirou completamente de Gaza coisa nenhuma. Mais uma vez, isso é ignorância ou má-fé de sua parte? A ocupação é definida pelo controle de um território por parte de uma força estrangeira. Sharon apenas retirou as colônias e reposicionou as IDF nas fronteiras da Faixa de Gaza, mantendo o controle efetivo sobre terra, mar, ar, impostos, comércio, ajuda humanitária, etc. Retirada esta que tinha como um dos objetivos "congelar o processo de paz" com os palestinos, segundo admitiu um conselheiro de Sharon ao Haaretz, Dov Weisglass: "The meaning of the disengagement plan is freezing the political process (...) The plan supplies the amount of formaldehyde necessary so that there will not be a political process with the Palestinians."

Além disso, Sharon (assim como seus antecessores e sucessores) aumentou a presença israelense na Cisjordânia.


Mas, é claro, os palestinos - refugiados vítimas de dispossessão e ocupação - devem "se comportar como finlandeses". Enquanto isso, Israel pode continuar a se comportar como...Israel!


Até a próxima!"

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